Eu havia saído do restaurante, estava dentro do carro estacionado em frente ao calçadão e esperando que meu amigo Robinho preparasse um lanche para eu levar para casa.
De repente me viro para a esquerda, em direção a 1ª Igreja Batista, e vejo um homem correndo em disparada, perseguido por outros dois que gritavam repetidamente: “Pega ladrão, pega ladrão !!!”.

Enquanto o meliante passava correndo pela avenida principal, as pessoas não faziam nada para impedir sua fuga; simplesmente saíam do caminho e o deixavam passar, apesar dos brados enrouquecidos e ofegantes de seus perseguidores a poucos metros atrás.
Liguei o motor do carro e resolvi acompanhar o desenrolar daquela cena... de camarote. Para minha surpresa, ao virar duas esquinas à frente, já não havia mais correria. O ladrão havia conseguido fugir.
Mas, porque as pessoas não o impediram? Bastava um esbarrãozinho para desequilibrá-lo e o teriam pego.
A resposta é óbvia. O medo de ficar marcado por um bandidozinho de quinta categoria. Afinal, quem quer virar alvo de perseguição de foras-da-lei? A polícia não consegue manter preso por muito tempo esse tipo de gente e logo estão de volta às ruas perturbando gente honesta.
A corrupção está crescendo tanto no gênero humano que fico a pensar no dilúvio que varreu a terra há muitos milênios e destruiu praticamente tudo que existia, exceto os tripulantes e “passageiros” da Arca de Noé.
A Bíblia diz que a maldade dos homens era tão grande naquele tempo, “...que todos os pensamentos do seu coração eram só maus continuamente...” E Deus decidiu destruir a tudo o que havia criado.
Infelizmente, ao pegar a bíblia e analisar o perfil dos homens daquela época, logo percebemos, com tristeza e vergonha, que nossa sociedade também já devia ter descido pelo ralo há tempos.
O que fazer? Como agir? Como se proteger? Que atitude tomar?
São perguntas aparentemente sem respostas nesse mundo incerto. No tempo de Noé, a Arca foi a única alternativa de escape. E hoje ??
Voltando ao caso do ladrão, cheguei à conclusão que eu também seria um covarde e não arriscaria minha tranqüilidade por tão pouco. Os antigos já diziam: “antes ser um covarde vivo, do que um valente morto’.
Mas eu continuo achando que se a mídia parasse de dar publicidade gratuita para marginais e o governo investisse pesado na vigilância de aeroportos e fronteiras para coibir a entrada de drogas no pais, o cidadão de bem não ficaria amedrontado e mais gente se arriscaria na defesa dos ideais da justiça e igualdade previstos em lei.
Até o próprio marginal, se não ficasse vendo notícias de seus comparsas pelos meios de comunicação, se intimidaria mais e passaria à ter a sensação de estar agindo sozinho.
Essa fórmula é usada nos paises desenvolvidos e tem dado certo, mas por aqui, com certeza isso ainda vai demorar muito e, infelizmente, temos que forçosamente continua convivendo com esse quadro de violência que extrapola os limites aceitáveis.
Quem sabe um dilúvio de “fogo” não seria a melhor receita para extirpar todo o mal que assola a humanidade contemporânea.
E o que seria a arca de Noé moderna? Já parou pra pensar ???
Mas essa é uma outra história para um outro dia...