Nesse momento em todo os recantos do Brasil posso imaginar a legião de “fiéis” assistindo reverentemente a essa cerimônia. E ai de quem atrapalhar essa comunhão, seja passando em frente à TV ou falando alto. Desde cedo as crianças aprendem que na hora do futebol, principalmente jogo de seleção, devem ficar em silêncio e comportadas enquanto as jogadas se desenrolam e apenas soltar seu grito de "louvor" quanto a bola adentrar a trave adversária.

As “mecas” futebolísticas (leia-se estádios) congregam uma gama de crentes exigentes. Cobram resultados dos seus ídolos; e ai de seus “deuses” se não concedem a graça do gol.
Sempre gostei de futebol, mas do jeito que as pessoas torcem, fico até preocupado. Parece que torcer por um time se tornou um credo religioso, com direito aos mais diversos apetrechos. Caneca, roupa de cama, gorro, meia, leite longa vida personalizado, cartão de crédito, camisinha, etc, um verdadeiro ritual de fé.
Desde os 2 anos de idade congrego na igreja adventista do 7º dia. Decidi me batizar aos 10 anos, pois nessa idade já entendia sobre diversos temas bíblicos e já testemunhava isso na prática. Sei o que é pertencer a uma igreja. Assuntos como fé, descrença, esperança, desespero e glória são do meu conhecimento. E numa mórbida semelhança, tudo isso é manifestado ao redor dos "pastos verdejantes" do futebol.
Atualmente, a paixão pelo futebol é tanta, que está levando pessoas a verdadeiros delírios. Tem gente que aposta carro, outros brigam feio com os amigos e nos extremos tem até torcidas rivais se matando em nome da “honra” de seu time. (Lembram das cruzadas ??!! Quanta gente morreu em nome da fé!)
Não estou aqui querendo me declarar inimigo do futebol, afinal o esporte traz saúde, vigor físico e melhora muita coisa em nosso corpo. Até jogo de vez em quando... sou goleiro (posição mais ingrata) desde jovem. Outro dia um amigo me perguntou:
- Você voava no gol antigamente. O que houve.
Respondi:
- Ainda posso voar meu amigo, o problema atualmente é a aterrissagem, rs
Finalizando.
Só acho que essa paixão desenfreada e inconseqüente pela redonda deveria ser canalizada para coisas que produzissem resultados mais palpáveis do que um monte de unhas roídas, olhos roxos e traumatismos cranianos.
Voltando ao jogo. Final do 2º tempo, o juiz apita e aponta para o meio do campo. Placar final: Goleada. Brasil 5... Equador zero. Uhuuuuuuuuu !!! (ops. não deu pra conter, rsrss)